segunda-feira, novembro 26, 2012

Onde está o seu reino?

Celebramos hoje a festa de Cristo Rei, que o Papa Pio XI instituiu com a Encíclica Quas primas, de 11 de Dezembro de 1925, fechando com chave-de-ouro aquele Ano Jubilar. (Na altura, foi escolhido o último domingo de Outubro para a nova festa. No calendário actual é celebrada no domingo que antecede o 1º Domingo do Advento).



No Evangelho de hoje, Jesus diz de Si mesmo, dirigindo-Se a Pilatos: “É como dizes: sou Rei” (João 18, 37).

Mas, se Jesus é Rei, onde está o seu reino?
 
Está, ou deve estar, antes de mais, em nós, nos nossos corações. “Cristo deve reinar, em primeiro lugar, na nossa alma. (…) Se pretendemos que Cristo reine, temos de ser coerentes, começando por Lhe entregar o nosso coração” (S. Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n. 181).
Isso não implica que já sejamos perfeitos. Basta que sejamos humildes e simples, como aquele burrinho sobre o qual Jesus montou, quando entrou em Jerusalém. “Se a condição para que Jesus reinasse na minha alma, na tua alma, fosse contar previamente em nós com um lugar perfeito, teríamos razão para desesperar. Mas não temas, filha de Sião; eis que o teu Rei vem montado num jumentinho. Vedes? Jesus contenta-se com um pobre animal por trono” (ibid.).

Mas, além de reinar em nós, gostaríamos muito que Jesus reinasse no coração de todos os homens.
 
Isto não significa que a fé possa ser imposta. Esta convicção acompanhou sempre a acção apostólica da Igreja.

Por exemplo, no séc. XIX, o Papa Leão XIII, na Encíclica Imortale Dei, (de 1 de Novembro de 1885), reafirmou esta doutrina, citando um ensinamento de Santo Agostinho: “É costume da Igreja velar com o maior cuidado para que ninguém seja forçado a abraçar a fé católica contra sua vontade, porquanto, como observa sabiamente Santo Agostinho, «o homem não pode crer senão querendo» (Homilia XXVI sobre S. João, n. 2)".
 
A fé não pode ser imposta. Mas deve ser proposta. Disse Bento XVI, na homilia da Missa que celebrou no Porto, em 14 de Maio de 2010: “Nada impomos, mas sempre propomos, como S. Pedro nos recomenda numa das suas cartas: «Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder a quem quer que seja sobre a razão da esperança que há em vós» (1 Pedro 3, 15).

E em Munique, na homilia de uma Missa celebrada em 10 de Setembro de 2006, disse: “Não impomos esta fé a ninguém. Um semelhante género de proselitismo é contrário ao cristianismo. A fé pode desenvolver-se unicamente na liberdade. Mas é à liberdade dos homens que apelamos para que se abram a Deus, O procurem, O ouçam".

Sim, propomos, convidamos, desafiamos, mostramos como é bom acreditar, mostramos como a vida se torna melhor, mais feliz, mesmo com lágrimas, mesmo com lutas, quando acreditamos em Deus, quando seguimos Jesus Cristo, na sua Igreja.

Finalmente, julgo poder dizer que desejaríamos que a sociedade, nas suas escolhas mais profundas e decisivas, fosse inspirada pela mensagem do Evangelho, e que Jesus fosse também Rei das sociedades e das comunidades humanas.
Leão XIII, na Encíclica atrás citada, elogiou os tempos em que “a filosofia do Evangelho governava os Estados”.
 
“Nessa época – escreveu o Papa da Rerum Novarum – a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao favor dos príncipes e à proteção legítima dos magistrados. Então o sacerdócio e o império estavam ligados em si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer” (Encíclica Imortale Dei, n. 28).
É fundada esta análise de Leão XIII? São melhores as sociedades inspirada pelo Evangelho? Em Portugal, foram, por exemplo, os tempos de D. João I e do Santo Condestável, S. Nuno de Santa Maria. Seriam tempos melhores ou piores que os de hoje?
Dizer que eram bons os tempos em que “a filosofia do Evangelho governava os Estados” nem não significa de forma nenhuma que seja a Igreja quem deve governar a sociedade, nem que o Papa, os Bispos ou os sacerdotes devam assumir responsabilidades de governação ou quaisquer funções políticas.
Para isso é que existem os governos e as instituições políticas dos diversos povos, sujeitas ao sufrágio das populações.
Mas significa que as sociedades deveriam sempre inspirar-se na “sabedoria cristã”, e portanto respeitar Deus e a sua Lei, e nunca promover ou permitir a aprovação de leis que manifestamente violam a lei moral ou a lei natural. E também que nunca deveriam desistir das suas responsabilidades sociais, e que nunca deveriam deixar entregues à sua sorte os mais débeis e mais pobres.
Se a sabedoria do Evangelho inspirasse as sociedades, não seria muito melhor do que estas serem regidas pelo agnosticismo ou dominadas pela ditadura do relativismo, como actualmente acontece? Não será esta a única solução dos males dos nossos tempos?
 
Pio XI, na Encíclica Quas primas, explica que Cristo é Rei não apenas em sentido metafórico, mas no sentido próprio da palavra. O seu Reino não é deste mundo (João 18, 36), porque não tira deste mundo a sua origem, mas estende-se a este mundo, e nele começa a realizar-se, para um dia florescer eternamente no Céu.
O Reino de Cristo na sociedade humana, desde as famílias ao Estado, é um ideal a atingir.
As condições históricas tornam hoje muito difícil a sua realização, mas não devemos desistir que Cristo reine, não só nos corações, mas também nas sociedades, que serão assim mais equilibradas, mais justas, mais respeitadoras das legítimas diversidades, e também mais fraternas, mesmo com dificuldades, porque alicerçadas na sabedoria de Deus, e construídas na obediência a Jesus Cristo, Redentor, Rei e Amigo de todos os homens.

domingo, novembro 25, 2012

A paz de Cristo no reino de Cristo

Seria interessante ler a encíclica «Quas primas», de Pio XI, datada de 11 de Dezembro de 1925, inteiramente dedicada à Solenidade Litúrgica de Cristo Rei, nos seus aspectos bíblicos, teológicos, litúrgicos e pastorais.
É uma óptima leitura, que alarga os horizontes, tentados a estreitar-se por força da rotina.


 
 
 
 
 
Aqui deixo o seu início:
 CARTA ENCÍCLICA
aos Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos e Outros Ordinários em paz e comunhão com a Sé Apostólica: sobre Cristo Rei.
PIO PAPA XI
Veneráveis Irmãos, saúde e bênção apostólica.
INTRODUÇÃO.
1. Na primeira Encíclica, dirigida, em princípios do nosso Pontificado, aos Bispos do mundo inteiro, indagamos a causa íntima das calamidades que, ante os nossos olhos, avassalam o género humano. Ora, lembra-nos haver abertamente declarado duas coisas: uma — que esta aluvião de males sobre o universo provém de terem a maior parte dos homens removido, tanto da vida particular como da vida pública, Jesus Cristo e sua lei sacrossanta; a outra — que baldado era esperar paz duradoura entre os povos, enquanto os indivíduos e as nações recusassem reconhecer e proclamar a Soberania de Nosso Salvador. E por isso, depois de afirmarmos que se deve procurar "a paz de Cristo no reino de Cristo", manifestamos que era intenção nossa trabalhar para este fim, na medida de nossas forças. "No reino de Cristo", — dizíamos; porque, para restabelecer e confirmar a paz, outro meio mais eficiente não deparávamos, do que reconhecer a Soberania de Nosso Senhor. Com o correr do tempo, claramente pressentimos o raiar de dias melhores, quando vimos o zelo dos povos em acudir, — uns pela primeira vez, outros com renovado ardor, — a Cristo e à sua Igreja, única dispensadora da salvação: sinal manifesto de que muitos homens, até o presente como que desterrados do reino do Redentor, por desprezarem sua autoridade, preparam, ainda bem, e levam a efeito sua volta à obediência.
Boa festa de Cristo Rei, conclusão do ano litúrgico!

domingo, novembro 18, 2012

O homem e a sua alma


Continuamos os nossos comentários sobre o Credo, ainda no primeiro artigo: “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis”.
1. A vida na Terra, com toda a sua riqueza geológica e sobretudo com a sua biodiversidade, com extraordinária variedade de seres vivos que nela existem, e em especial de animais de tantas espécies, é assombrosa, admirável, e todo o Universo, com os seus 15 mil milhões de anos (ou talvez um pouco menos: 13, 73 mil milhões de anos), é de uma grandeza fascinante, mas toda esta maravilha ficaria na sombra, não seria valorizada por ninguém – a não ser pelo próprio Criador e pelos Anjos – se não houvesse um ser com um olhar capaz de admirar e uma mente capaz de pensar e uma vontade capaz de pôr em marcha uma infinidade de acções e actuações.
O mundo seria uma imensa paisagem deslumbrante, mas sem ninguém para a contemplar, se não existisse o homem. E, se não existisse o homem, Deus não teria um «interlocutor», não existiria neste mundo nenhum ser «capaz de Deus» (Catecismo da Igreja Católica, n. 35), alguém que O pudesse conhecer, amar e servir livremente, encontrando aí a sua plena felicidade.
Mas o homem existe, e sendo uma espécie entre outras, está ao mesmo tempo tão acima das outras, é tão diferente, está num outro nível!
2. Qual é a principal diferença entre nós, seres humanos, e os outros animais? Espontaneamente diríamos: o nosso cérebro! Na verdade, orgulhamo-nos muito do nosso cérebro, embora haja muitos animais que têm um cérebro com a mesma estrutura que o nosso, por exemplo os ratos e os macacos… Alguns animais têm um cérebro «pequeno», outros têm um cérebro «médio», e nós temos um «supercérebro».
No entanto, segundo a Sagrada Escritura (e também, julgo que o podemos afirmar, segundo a ciência), não é o tamanho do cérebro nem o revestimento do corpo que torna os humanos especiais. Como escreveu um cientista (judeu) norte-americano: “Nós somos qualitativamente diferentes das outras formas de vida. Aquilo que separa os homens de outras formas de vida é a nossa alma espiritual” (Gerald L. Schroeder, Deus e a ciência, Europa-América, 1999, p. 155). (Do mesmo autor: God According To God, HARPERCOLLINS PUBLISHERS INC, 2010)
Talvez se possa descobrir na Sagrada Escritura a alusão a duas fases muito distintas no processo de origem do homem: primeiro, a formação (Génesis 1, 26) e depois a criação propriamente dita (Génesis 1, 27). De facto, a formação do corpo humano pode ter levado milhares de anos a acontecer.
Já o Papa Pio XII, em 1950, na Encíclica Humani Generis, admitia que era lícito buscar “a origem do corpo humano numa matéria viva preexistente”, acrescentando que “a fé nos obriga a reter que as almas são directamente criadas por Deus” (n. 50).
3. Antes do primeiro homem, a quem a Bíblia chama “Adão” (nome que vem de adamah, que significa terra ou solo), houve seguramente muitos hominídeos pré-humanos. “Criaturas menos humanas, com corpos parecidos com os homens e cérebro, existiram antes de Adão” (escreve o mesmo cientista).
Mas o primeiro homem, Adão, só existiu quando recebeu de Deus uma alma espiritual. E isso não durou séculos nem milénios. A criação da sua alma foi instantânea. E então o homem passou a ser o que é, e que os outros pré-humanos ainda não eram nem nunca viriam a ser. Aliás, todos se extinguiram. Só ficou o homem.
A criação de Adão (ícone russo contemporâneo)
Sobre a alma, o recente Catecismo para Jovens, chamado Youcat, diz o seguinte: “A alma é o que faz cada pessoa ser humana, isto é, o seu princípio de vida espiritual, o seu íntimo. A alma faz com que o corpo material se torne um corpo vivo e humano. Através da alma, o ser humano torna-se um ente que pode dizer "eu" e permanece diante de Deus como um indivíduo inconfundível” (n. 62).
Já o Catecismo da Igreja Católica recorda: “A Igreja ensina que cada alma espiritual é criada por Deus de modo imediato e não produzida pelos pais; e que é imortal, isto é, não morre quando, na morte, se separa do corpo; e que se unirá de novo ao corpo na ressurreição final” (n. 366).
4. Com o homem, constituído de corpo e alma, uma mudança imparável no mundo começou a acontecer. Vejamos só alguns eventos. Por volta de 6000 a.C. foi inventado o arado. Esta invenção aconteceu na Mesopotâmia, que seria a terra de Abraão 2000 anos depois. Apareceram as primeiras aldeias, por volta de 5000 a.C. Começou o cultivo de cereais. Surgiu a cerâmica. Por volta de por volta de 3000 a.C., surgiram as primeiras cidades, e na Suméria foi inventada a escrita, não a escrita em alfabeto, mas a escrita “cuneiforme”, e depois a escrita hieroglífica, no Egipto. E então acabou a Pré-História, começou a História.
Enriquecido com a alma espiritual, o homem já não está irresistivelmente dominado pelos instintos, e é capaz de viver em sociedade. E sobretudo é capaz de ter objectivos e de querer ser melhor. Por exemplo, uma pessoa egoísta ou avarenta, pode desejar ser generosa, e pode consegui-lo!
A alma não se vê, é completamente espiritual. “Não obstante, as provas arqueológicas confirmaram a nossa herança bíblica”, escreve também Gerald L. Schroeder (p. 168).
5. A criação da alma por Deus foi revelada na Sagrada Escritura e é objecto de fé. Na luz da fé percebemos ainda mais claramente que “Deus tudo criou para o homem, mas o homem foi criado para servir e amar a Deus, e para Lhe oferecer toda a criação” (Catecismo da Igreja Católica, n. 358).
Percebemos também, como se lê no Youcat, que “todos os seres humanos são iguais na medida em que tem origem no mesmo único amor criativo de Deus. Todos os seres humanos têm em Jesus Cristo o seu salvador. Todos os seres humanos estão ordenados a encontrar em Deus a felicidade e a eterna bem-aventurança. Assim, todos os seres humanos são irmãos e irmãs” (n. 61).
E percebemos claramente ainda que “os cristãos devem viver a solidariedade não apenas com os outros cristãos, mas com todos os seres humanos, opondo-se energicamente à desintegração da família humana, causada por motivos racistas, sexistas e economicistas” (ibid.).
Portanto, e concluímos com o Livro dos Provérbios, citado neste mesmo número: “Abre a tua boca a favor dos que não têm voz, pela causa de todos os fracos”. (Provérbios 31,8).


domingo, novembro 11, 2012

Contemplar o Criador


 
1. No Credo de Niceia-Constantinopla dizemos: “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis”. E no Símbolo dos Apóstolos diz-se: “Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra”.

Acreditamos que Deus é o Criador de todas as coisas que existem.
 
 Grande inicial «I», de « In principio creavit Deus»
(Génesis 1, 1) (Bíblia de Marquette – Museu J. P. Getty - séc. XIII)

Isto não significa que Deus tenha feito tudo (materialmente). Por exemplo, a Igreja dos Jerónimos foi construída por muitos operários, dirigidos por um arquitecto (ou por vários arquitectos). Não foi Deus que colocou as pedras nem esculpiu as colunas…

Mas dizemos que Deus é Criador, em três sentidos:

1º - Porque fez que existissem realidades diferentes d’Ele. Podia só existir Deus e nada mais senão Deus, que existe desde toda a eternidade. Mas Deus quis que existissem outros seres, outras «coisas» que não são Deus nem se confundem com Deus:

a)      Primeiro, realidades invisíveis, isto é, espirituais e pessoais, que são os Anjos.

b)     Depois, realidades visíveis, a cuja totalidade chamamos «Universo». Neste imenso Universo (que é imenso mas não infinito…) apareceu a certa altura, porque Deus assim o quis, o Homem, que é um ser único, ao mesmo tempo material e espiritual. (Haverá outros seres como nós? Pelo menos, até agora não os conhecemos…).

2º - Porque dotou a criação material de leis que regulam e dirigem, desde o primeiro momento, a sua existência e o seu desenvolvimento.

3º - Porque sustenta no ser toda a realidade. Se deixasse de o fazer, tudo se «esvaía», e mergulhava no nada. Deus é o fundamento do ser ao nível do ser. Tudo depende de Deus quanto ao ser. É uma dependência total! Sem esta acção do Criador, não existiria qualquer ser fora de Deus!
2. Algumas pessoas pensam que o Universo se explica a si mesmo. Na verdade, conhecemos muitas leis da matéria, e a ciência consegue explicar muitos fenómenos, tanto à escala do imensamente grande como à escala do imensamente pequeno. Por exemplo, os cientistas falam da «fuga das galáxias», e também identificam as partículas elementares do átomo, como a mais recente a ser descoberta, a chamada «partícula de Deus»…
É inegável que o Universo tem leis, que a ciência descobre, interpreta e procura explicar. Mas não podemos fugir a esta questão: qual é a origem dessas leis físicas? Elas não podem nem: a) Ter início com o próprio Universo, porque têm de ser, de algum modo anteriores a ele, para o poder originar ou dirigir; nem: b) Originar-se a si mesmas, porque nada pode ser causa e efeito de si mesmo.
Portanto, é necessário um Criador, que, ao criar o Universo, criou as leis que o regulam e dirigem.
3. Não há muito tempo ainda, (há cerca de dois anos), um físico e matemático inglês muito conhecido, publicou um livro em que diz que Deus já não é necessário para explicar o Universo, porque o Universo se criou ao si mesmo a partir do nada.
Seria possível responder em termos filosóficos que o nada não pode ser sujeito de uma acção, porque não existe, é nada... Para que algo seja sujeito de uma acção, já tem que existir. Mas, se já existe, já não precisa de se criar…
Mas a verdade é que, para este conhecido físico inglês, chamado Stephen Hawking, o nada é «alguma coisa», é um determinado estado físico, não é o nada absoluto.
Um outro cientista explicou que o nada para Stephen Hawking é como uma conta bancária que está a zeros. A dada altura pode crescer e passar a ter um milhão de euros (o que seria óptimo…). Stephen Hawking diz que foi isso que aconteceu com o Universo. O «nada» flutuou, e tudo aconteceu.
Tudo bem… Também a tal conta pode crescer, (por exemplo recebendo juros de uma outra conta), mesmo que tenha estado a zeros… Mas a primeira questão é saber quem abriu a conta, quem criou a conta. Também o «nada» que «flutuou», alguém teve de o criar, para poder «flutuar», e originar essa imensa grandeza que existe hoje.
Portanto, é preciso um Criador, para explicar tanto o «nada» do início como a imensa totalidade, o Universo que hoje existe.
4. S. Tomás de Aquino, no séc. XIII, comentando o Credo, escreveu com beleza e simplicidade: “Deves então acreditar que todas as coisas têm a origem num só Deus, que lhes dá a existência e a perfeição”.
Foi o que afirmou o Papa ao dirigir-se na passada quinta-feira, dia 8 de Novembro, aos participantes na reunião plenária da Pontifícia Academia das Ciências.
O mundo parece fechado a Deus, mas nós desejamos ser capazes de contemplar o Criador, com muito amor e gratidão, e também com muita confiança, porque acreditamos que não nos abandona, mesmo nas horas mais difíceis e nas provas pelas quais temos de passar nesta vida.